Passou um ano...

Passou um ano...
Nunca pensei sentir tanto a sua falta, e pegando nas palavras de um amigo meu “só damos valor as pessoas depois de as perdemos”.
A nossa relação nunca foi de um amor incondicional, apesar de sentir que me amava, foi mais uma relação de respeito.
Desde cedo que estou habituado a perder relações e a sentir falta das pessoas, mas sempre passam, passa o tempo e o sentimento acaba por esvanecer, até a minha ultima relação aquele sentimento, que tinha perdido uma pessoa muito importante para mim, que não o deixou de ser, acabou por passar, mas em relação a ele não.... axo que não há um dia em que não feche os olhos e me lembre daqueles momentos, que desperdicei, daqueles meses que por teimosia dos dois não nos falavamos, é engraçado mas axo que nunca discutimos tal era o respeito que sentia por ele.
Nunca tivemos aquelas conversas de pai para filho, nunca me deu concelhos sobre nada, não me preparou para o que iria encontrar, mas bastou uma noite para eu saber que tinhamos ideias identicas, quer seja sobre religião, amor e trabalho, numa noite perdoei e entendi o que o levou a sair de casa, numa noite soube que era seu filho, por tudo o que tinhamos em comum, numa noite de bebedeira, compreendi porque sou como sou e pq tomei as decisões que tomei na minha vida.
Ao olha para a sua vida sei que não consegui ser feliz, apesar de ter ultrapassado etapas importantes e de ter momentos de felicidade, axo que nunca foi verdadeiramente feliz, e ele mesmo me disse, que tomou as decisões que tomou para não nos sujeitar a uma vida de discusões e que não se arrependia, mas que não era feliz e que a culpa era sua. Ironico que em 27 anos, 9862 dias, foi apenas numa noite, numa discoteca que conheci o meu pai como pessoa, bastou uma noite.
Passou um ano...
Mas não passou a dor, mudei muito como pessoa, muitos acontecimentos, algumas relações, novo emprego, novos amigos, mas no fundo no fundo, sinto que a minha vida está na mesma. Todas as atitudes que tomei, não me arrependo, apesar de sentir que algumas me perjudicaram, beneficiaram outros, isso é o suficiente para não me arrepender.
Ao olhar hoje para a sua fotografia, pergunto-me, ele não conseguiu, e eu??
Passou um ano...
Sinto a sua falta, como nunca senti a de ninguem.